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Mostrando postagens de agosto, 2010

Constituinte exclusiva

Artigo também publicado no portal www.wscom.com.br Jaldes Reis de Meneses Um dos grandes jornais brasileiros, a Folha de S. Paulo , publicou na edição de domingo (29/08) um inflamado editorial (Perigosa fantasia) com o objetivo de enterrar, já no nascedouro, a proposta de convocação de uma assembleia constituinte exclusiva com pauta determinada, ou seja, modificar os capítulos atinentes às ordens política e tributária. De maneira discreta, a proposta de constituinte exclusiva, aprovada formalmente no Congresso do PT, surgiu de fato no debate político em declarações públicas de Lula e Dilma Rousseff, ainda no ano passado; recentemente, recebeu a adesão inicial de personalidades de peso, como o presidente da OAB, e vários candidatos, desde Marina Silva (PV) e seu vice, Guilherme Leal. José Serra (PSDB) pronunciou-se contrário, mas até um correligionário local, Cássio Cunha Lima, em entrevista à TV Cabo Branco, pronunciou-se favoravelmente. O subtexto do aludido editorial não poderia

Fatura liquidada

Jaldes Reis de Meneses Artigo também postado no portal www.wscom.com.br À maneira de um mestre de obra feita, é muito fácil, tanto que até fico um tanto envergonhado de predizer o óbvio ululante, ou seja, constatar uma acachapante vitória eleitoral dos partidos da coligação governista nas eleições gerais de 03 de outubro. Sem dúvida, o PT e o PMDB, mas também o PSB, e em menor escala, o PCdoB, conquistarão importantes espaços institucionais, ao passo que assistiremos o definhamento do DEM (a eventual vitória no Rio Grande do Norte pode ser a exceção que confirma a regra) e uma derrota do PSBD em redutos históricos, a exemplo de Minas Gerais. Todo mundo está vendo isso, não serei eu a ver diferente. Não acredito em milagres. Melhor que predizer o óbvio, é indagar a propósito do resultado político, vale dizer, constatar que está em vias de desaparecer o equilíbrio político havido nos últimos tempos entre governo e oposição, especialmente entre as coligações pelo PT (

Florestan Fernandes, clássico da interpretação do Brasil

Artigo também postado no portal wwww.wscom.com.br Jaldes Reis de Meneses Há quinze anos, em um cinzento mês de agosto acobertado de garoa paulista e na época do apogeu do primeiro governo Fernando Henrique, antigo assistente de ensino do velho professor, morreu Florestan Fernandes, um dos principais intelectuais brasileiros do século XX. As homenagens foram escassas, abaixo do merecimento do grande e fecundo autor. Professor universitário e militante de esquerda, não se pode dizer que Florestan Fernandes seja um autor esquecido. Unanimemente lembrado na galeria de uma geração de pensadores do tope de Caio Prado Jr., Sérgio Buarque de Holanda, Nelson Werneck Sodré, Darcy Ribeiro, Antônio Cândido e Celso Furtado - autores que lograram formular interpretações originais do Brasil -, Fernandes legou ao pensamento social brasileiro uma vasta e densa obra de mais de trinta títulos, da qual certamente o mais importante é a obra-prima Revolução Burguesa no Brasil, escrita entre 1965 e 1974, no

Teses da era Lula

Jaldes Menezes Artigo também postado no portal www.wscom.com.br É impressionante como um consenso político relativamente disseminado, o de que o período de oito anos do governo Lula (alguns chamam até, dando impostação histórica, de “era Lula”) produziu importantes modificações no Brasil, por outro lado, ainda não conseguiu lograr interpretações consistentes e à altura das transformações. Faltam a teoria e o conceito da “era Lula”. Os argumentos se repetem à esquerda e à direita, na academia e no jornalismo, entre os da situação e da oposição. Talvez haja duas exceções mais salientes de contribuição ao debate, discrepantes da geléia geral de mediocridade da análise política contemporânea: Chico de Oliveira e André Singer. Ressalto que são opiniões divergentes, por isso vale à pena passá-las em revista. Em primeiro lugar, há de se levar em consideração as teses de oposição de Chico de Oliveira, um velho decifrador dessa esfinge chamada Brasil, com as formulações polêmicas da uma “hegemo

O Irã e a democracia

Artigo também postado no portal www.wscom.com.br Jaldes Reis de Meneses As notícias que me chegam hoje (03/08) através dos portais dão conta de que o governo iraniano reagiu negativamente à proposta feita pelo presidente Lula, em um discurso em Curitiba, de o Brasil conceder asilo a Sakineh Mohammadi Ashtianim. Trata-se do rumoroso caso, de repercussão internacional, de uma mulher julgada em processo jurídico legal na província de Azerbaijão Ocidental (na verdade, condenada pela sharia islâmica, que opera os cordéis da pseudo legalidade processual) por cometer “crime” de adultério, conseqüentemente condenada a limine à pena de morte por apedrejamento, talvez substituída, na ideia de recurso de clemência a Teerã, pela alternativa (menos dolorosa?) do enforcamento. Ainda que Lula não tenha feito a proposta exibindo os melhores argumentos disponíveis na doutrina dos direitos humanos – ele falou em “carinho e amizade” por Ahmadinejad e, pior, se propôs a intervir para livrar o amigo do

Choque de civilizações

Escrevi o artigo abaixo ainda durante o caso das chamada "frotilha" de ajuda humanitária de ajuda às populações palestinas ilhadas pelo exército de Israel na Faixa de Gaza, no qual foi presa a cineasta brasileira Iara Lee. Resultado: enviei o artigo ao wscom, mas não postei aqui por puro esquecimento. Revendo arquivos velhos, achei que ainda é tempo de postar aqui no blog. Jaldes Reis de Meneses Algumas teses, embora não sejam verdadeiras, têm um valor sinistro de premonição. São de tal maneira polêmicas e estão impregnadas a um difuso “espírito do tempo” que logo após lançadas se espalham como rastilho de pólvora. Outras teses, no entanto, são sensatas, mas cativam a poucos espíritos, condenadas a vegetar no frágil mundo das soluções racionais desprovidas de uma alta voltagem de adrenalina e emoção. Umas dessas idéias racionais e sensatas que fracassaram foram os protocolos de paz do chamado “acordo de Oslo (1193)”, conjunto de tratativas formuladas entre o Estado