Quem sou eu
Depois de alguns meses de blog, ainda não havia preenchido o campo “quem sou eu”. Lá vai: Ecce Homo. Quem sou eu, a pergunta maledicente. Devo ter vários heterônimos que nunca afloraram, pois sou nada demais, um ortônimo torto. Só consigo me reconhecer fora de mim e em relação. É minha forma de “outrar”, no verbo de Fernando Pessoa. Por isso, adoro a esta passagem de Brecht: “eu pensava dentro de outras cabeças; e na sua, outros, além dele, pensavam. Este é o verdadeiro conhecimento." Penso que o sujeito está no interior do objeto e o objeto dentro no sujeito, o homem no interior da natureza e a natureza no interior do homem, sem dualismos nem exterioridades entre corpo e alma. Dessa maneira, enfim creio que seja quem sou através de meus eus em mutação (indivíduo, sociedade e natureza). Pode parecer confuso ou pretensioso. Na realidade, é o cúmulo da humildade: todos nós somos muitos quando somos um. (Jaldes Reis de Meneses).